A segurança da informação é muito mais do que tecnologia
Hoje, a segurança da informação já não é uma responsabilidade exclusiva dos departamentos de TI. Tornou-se um pilar estratégico que afeta toda a organização. Desde o CEO, que define a estratégia global, até ao mais recente estagiário, todos desempenham um papel crucial na proteção dos dados. E é muitas vezes o elo mais fraco, aquele com menos experiência, que pode representar o maior risco.
Com a sofisticação crescente das ameaças cibernéticas, é fácil cair na ilusão de que investir em tecnologia de ponta será suficiente para nos manter seguros. No entanto, esta visão limitada ignora a verdadeira complexidade dos riscos que enfrentamos. Mais do que máquinas, são as pessoas que estão no centro de qualquer estratégia eficaz de segurança. Sem um esforço concertado para criar uma cultura de segurança, que envolva todos os níveis da organização, até a melhor tecnologia falha.
Os ataques estão em constante evolução, tornando qualquer abordagem estática rapidamente obsoleta. Para nos protegermos eficazmente, as organizações precisam de ser proativas, adaptar-se rapidamente e, acima de tudo, integrar a segurança no ADN da empresa.
Criar uma cultura de segurança
Mas como se constrói uma cultura de segurança? É um trabalho contínuo que começa pela formação e sensibilização de todos os colaboradores. Não basta instalar software de segurança; é preciso garantir que, desde o momento em que se recebe um email, cada colaborador verifica a sua legitimidade antes de clicar em links. Ou que todos compreendem os riscos associados ao uso de palavras-passe fracas e à partilha de dados em redes públicas. Uma cultura de segurança é aquela onde a vigilância é instintiva.
Outro aspeto crítico, frequentemente negligenciado, é a quantificação dos riscos. Muitas empresas não conseguem traduzir os danos potenciais de uma falha de segurança em números concretos. No entanto, o custo médio de uma violação de dados ronda os 4,45 milhões de dólares a nível global, um aumento significativo nos últimos anos. Em Portugal, os números são igualmente alarmantes, o que deveria funcionar como um sinal de alerta para todas as empresas.
A boa notícia é que criar uma cultura de segurança eficaz não implica necessariamente grandes investimentos. Medidas simples, como simulações de phishing e formações periódicas, podem ter um impacto considerável. Para além disso, as empresas que recorrem à inteligência artificial e à automação para reforçar a sua segurança conseguem, em média, poupar 1,76 milhões de dólares em potenciais danos.
O papel da liderança
É fundamental lembrar que uma cultura de segurança não se implementa de um dia para o outro. Requer um compromisso a longo prazo e, sobretudo, um exemplo forte por parte da liderança. Os líderes de topo devem praticar aquilo que pregam, demonstrando diariamente que a segurança é uma prioridade, não apenas mais uma tarefa na lista.
Integrar a segurança da informação no ADN de uma organização implica mais do que a criação de políticas ou formações esporádicas. Exige que todos, desde a liderança até à base, apliquem as melhores práticas no dia a dia. E as empresas que conseguirem criar esta cultura estarão melhor preparadas para enfrentar as ameaças cibernéticas em constante mutação, protegendo não só os seus dados, mas também a sua reputação e o futuro do negócio.
Portugal já tem sido reconhecido pelos seus sistemas de cibersegurança, e é crucial que continuemos a trabalhar para manter essa posição de destaque. Só assim conseguimos garantir que o nosso país se mantém entre os melhores nesta área tão crítica para o futuro digital.
Daniela Costa, COO da Eurotux
Artigo de opinião publicado originalmente no Link2Leaders.